Anúncio da retomada de testes nucleares pelos EUA põe mundo em alerta
31/10/2025
(Foto: Reprodução) Novos testes nucleares americanos podem provocar corrida armamentista
A decisão do presidente dos Estados Unidos de retomar os testes de armas nucleares despertou preocupação mundial.
Havia grande expectativa para a resposta. Mas, nesta sexta-feira (31), quando falou com a imprensa, Donald Trump deu poucas explicações sobre como serão os novos testes nucleares.
"Vocês vão descobrir muito em breve", disse.
De manhã, o secretário de Guerra Pete Hegseth afirmou que o Pentágono está agindo sob orientação de Trump para garantir que os Estados Unidos tenham o arsenal nuclear mais eficiente do mundo.
A professora Sharon Squassoni dedicou a carreira à pesquisa e à criação de programas de não proliferação de armas nucleares. Ela considera grave a fala de Trump e disse que um teste nuclear americano pode gerar um efeito dominó:
"O que vai acontecer é que outros países vão considerar isso um passo para trás em acordos de não proliferação de armas. Rússia e China podem se beneficiar em fazer mais testes. Sem dúvida, Índia e Paquistão vão fazer o mesmo”, diz.
Ao mesmo tempo, acordos de não proliferação de armas estão frágeis. Daqui a três meses, o último tratado que limita o número de armas nucleares entre Estados Unidos e Rússia vai expirar.
"Se o acordo não for renovado, pode significar armas nucleares sem limites para todos”, afirma Sharon.
Desde 1992, os Estados Unidos não fazem testes nucleares. Naquele ano, o presidente George H. W. Bush suspendeu essas atividades. O objetivo era acabar com o que começou em 16 de julho de 1945, no deserto do Novo México. Os Estados Unidos testavam a primeira bomba atômica. Um dia que mudou a história mundial. Foi o primeiro passo para os ataques a Hiroshima e Nagasaki.
Anúncio da retomada de testes nucleares pelos EUA põe mundo em alerta
Jornal Nacional/ Reprodução
Hoje, mais da metade da população mundial vive em países que possuem armas nucleares ou integram alianças nucleares. As maiores potências são Estados Unidos, Rússia e China. E há décadas, esses países acreditam que seus arsenais são garantia de segurança nacional. A professora discorda desse raciocínio:
“Houve um momento em que tivemos 70 mil armas nucleares no mundo. Isso é capaz de acabar com o planeta inúmeras vezes. Havia aviões nucleares voando 24 horas por dia. Não é mais seguro simplesmente pelo fato de que alguém pode cometer um erro”.
A nova geopolítica mundial tem aumentado as tensões. As guerras da Ucrânia, em Gaza, as ambições chinesas no sudeste asiático. A professora diz que já estamos em uma nova corrida armamentista, e cada vez mais países têm ambições nucleares. Ela diz que a história mostrou que a diplomacia é o único caminho para aliviar as tensões e acabar com a ideia de que é a iminência de guerra o que garante a paz.
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